Renato Portela, biólogo, aluno do curso de pós-graduação Mestrado, da Universidade Federal de Pernambuco, desenvolveu parte de sua pesquisa de campo  em nossa estação de agricultura. A defesa de seu trabalho será agora no mês de novembro. Para isso, o estudante ficou acomodado em nosso alojamento da  estação durante quinze dias, realizando coletas de campo nos períodos da manhã, tarde e noite, e recebendo total apoio no que fosse necessário.

 

Veja abaixo uma síntese do seu trabalho de pesquisa e algumas fotos:

 

Os rola bostas compreendem os besouros da subfamília Scarabaeinae, distribuídos em todo mundo, possuindo cerca de 600 espécies descritas para o Brasil.  A coprofagia é o principal hábito alimentar, estando o comportamento de utilização de recurso estreitamente relacionado com funções ecológicas, como a ciclagem de nutrientes e enriquecimento do solo. Dependendo da região, o hábito alimentar dos rola bostas pode variar, da utilização de frutos em decomposição à predação de outros artrópodes.

Ao encontrar recursos, é comum os rola bostas o armazenarem para se alimentarem posteriormente, ou para utilizarem como meio de nidificação. Com relação a alocação de alimento, estes besouros são classificados em três guildas: endocoprídeos (residentes), que se alimentam e nidificam dentro do recurso; paracroprídeos (escavadores), quando formam galerias próximo ou abaixo do recurso; telecoprídeos (roladores), quando rolam bolas de recurso para longe da fonte. Apesar de muitas espécies utilizarem mais de um recurso para se alimentar, geralmente apenas fezes são utilizadas para a nidificação, com raras exceções.

A utilização de outros recursos está associada evolutivamente a escassez do principal alimento dos rola bostas, as fezes. Para se adaptar a outras fontes, algumas espécies possuem hábitos alimentares e comportamentais bastante especializados. Ambientes de elevado stress hídrico e incidência solar tendem a apresentar espécies bastante especializadas. Esta especificidade provavelmente ocorre em decorrência da elevada escassez efemeridade, que ressecam e ficam inutilizáveis mais rapidamente que em regiões mais amenas.

A Caatinga, ecossistema semi-árido brasileiro, apresenta como caráter marcante suas elevadas temperaturas e taxas de pluviometria anual baixas, restringindo a atividade animal, que se mantém principalmente durante os meses chuvosos. O baixo grau de especiação de mamíferos da Caatinga a este tipo de ambiente é um dos fatores que refletem sua igualmente baixa diversidade local. Como os mamíferos são os principais fornecedores de recurso para os rola bostas, acreditamos que no semi-árido brasileiro estes besouros possuam uma capacidade de utilizar uma gama mais ampla de recursos. Com base nisso, o presente estudo teve como objetivo verificar a resposta dos rola bostas a diferentes recursos alimentares em ambientes de Caatinga.